quinta-feira, novembro 24, 2005

quarta-feira, novembro 23, 2005

Surfuguês

- Então meu? foste lá ontem? o crowd estava nice?

- Demais... off-shore, estava glass. Saquei duas direitas em drop com cut back, entrei no bottom mas fiz o take-off muito tarde...

- A sério? eu estive no inside, o sweel estava fraco e só houve um Set, mas os Lips estavam a desfazer...

- Não digas nada, Ontem estava flat, e num duck dive, apanhei com uma tail no eye, fodi-me todo...

- Aloha

- Props

quinta-feira, novembro 17, 2005

Câmara escura

Após o desenrolar do filme na espiral, a diluição do Rodinal, a revelação, o banho de paragem, o fixador, a lavagem, o photo-flo, a secagem, o ampliador, a revelação, o banho de paragem, o fixador, a lavagem e a secagem, ontem, pela primeira vez, vi aparecer no papel o instante do pescador fotogrado há dias atrás.
Começo a atribuir uma outra dimensão à palavra Revelação!

terça-feira, novembro 15, 2005

A Beleza

Sou tão bela, ó mortais!, como um sonho de pedra,
E o meu seio, que foi o assassino de todos,
É feito pra inspirar ao poeta um amor
Sempre mudo e eterno, assim como a matéria.

Sentada no azul, esfinge incompreendida,
Com a brancura do cisne e um coração de neve,
Odeio o movimento que as linhas altera,
E assim como não choro também nunca rio.

Os poetas, face às minhas grandes atitudes,
Que pareço copiar de nobres monumentos,
Vão consumir a vida em austeros estudos;

Já que, pra fascinar esses dóceis amantes,
Tenho espelhos que tornam as coisas belas:
Meus grandes olhos, luz de claridade eterna!

Baudelaire & Heloisa Nau

sexta-feira, novembro 11, 2005

terça-feira, novembro 08, 2005

Tempestade solar

Chove generosamente.
A luz solar coada pela chuva reescreve as cores das coisas...
Vi com espanto uma tela do mundo, amarelada pelo passar dos séculos...
O tempo que nós deixamos de conhecer.

quarta-feira, outubro 26, 2005

Last days de Gus Van Sant

Uma desintegração telúrica
A decomposição secreta das plantas
O Húmus Sapiens
A decadência da decadência bocejada
O absurdo e ensurdeçedor arrastar das horas
A consciência da solidão
A música como última redenção.

Fiquei com uma sensação de humidade entranhada nos ossos...um certo desconforto aquoso.

segunda-feira, outubro 24, 2005

Eu tinha qualquer coisa para pôr no blog...

Mas foi-se...
Saí de casa da X. e esqueci-me da chave de casa lá.
Só me lembrei quando estava a chegar a a casa...
Voltei lá, agarrei na chave e voltei para casa.
Entrei em casa e reparei que me tinha esquecido do tabaco no carro...
Desço à garagem e quando chego perto do carro, dou conta que me tinha esquecido da chave do carro.
Volto a casa, pego na chave do carro, volto novamente à garagem e regresso finalmente a casa!
Ainda bem que respirar é comandado por esforço muscular involuntário...

segunda-feira, outubro 17, 2005

Glorioso, SLB! Glorioso SLB!

O Benfica deu uma lição de como se defende e para além disso foi altamente eficaz no ataque. "Nulo" Gomes, baptizado assim por um amigo Andrade no início do jogo já se enganou 7 vezes esta época.
O Porto precisa do Co Adrianse para por a equipa a atacar e mais um Co Treinador qualquer que ensine a equipa a defender.
Co Adrianse perdeu grande parte da credibilidade ao mentir duas vezes na conferência de imprensa. O rapaz fala demais e é melhor começar a ser acompanhado do Bobby ou do Tareco, ou nos casos de indisponibilidade dos mesmos, do guarda Abel.
Apesar de tudo apreciei o futebol de ataque exibido pelo Porto, um autêntico carrocel que fez lembrar a larânja mecânica de 74, do qual resultou uma oportunidade criada em todo o encontro...
Incha porco!!!

quinta-feira, outubro 13, 2005

OTA

Uma história de dois aeroportos:

Áreas:
Aeroporto de Málaga: 320 hectares,
Aeroporto de Lisboa: 520 hectares.

Pistas:
Aeroporto de Málaga: 1 pista,
Aeroporto de Lisboa: 2 pistas.

Tráfego (2004):
Aeroporto de Málaga: 12 milhões de passageiros, taxa de crescimento,7% a 8% ao ano.
Aeroporto de Lisboa: 10,7 milhões de passageiros, taxa de crescimento 4,5%ao ano.

Soluções para o aumento de capacidade:
Málaga: 1 novo terminal, investimento de 191 milhões de euros, capacidade 20 milhões de passageiros/ano. O aeroporto continua a 8 Km da cidade e continua a ter uma só pista.
Lisboa: 1 novo aeroporto, 3.000 a 5.000 milhões de euros, solução faraónica a 40Km da cidade.

quarta-feira, outubro 12, 2005

O absurdo

Preparar uma apresentação para um cliente que não se conhece, sabendo muito vagamente o que ele pretende, e sem dominar minimamente o assunto tratado.

"Os deuses tinham condenado Sísifo a empurrar sem descanso um rochedo até ao cume de uma montanha, de onde ela caía de novo, em consequência do seu peso. Tinham pensado, com alguma razão, que não há castigo mais terrível do que o trabalho inútil e sem esperança."

In: CAMUS, Albert. O Mito de Sísifo, ensaio sobre o absurdo

Um beijo em ti

Composição: Tema livre

terça-feira, outubro 11, 2005

Chuva

Finalmente a chuva voltou para limpar o calcário das calçadas, e reconciliar-nos com o cheiro intenso do verde das veredas esquecidas.

segunda-feira, outubro 10, 2005

Noite Autárquica


O Pior:
  • Carrilho. Aquele palhaço destila falta de chá, mau perder, pedantismo, arrogância, ausência de sentido democrático. E aquela tirada de se virar para trás, abraçar a Bárbara e receber um beijinho de conforto, foi digna de uma telenovela mexicana.
  • Felgueiras. A Fátima e a Terra. Com aquele bronze de Ipanema e corte de cabelo modernaço a dizer que aquilo foi uma lição de democracia para o país. Estais bem um para os outros, estais.
  • Rui Rio. Há-de ser sempre um contabilista, um mangas de alpaca, um contador de tostões, não mais do que isso. Que discurso de vitória... Sem dimensão, sem uma ideia, ranhoso e mesquinho até na hora da vitória. Deixem-nos acabar o túnel!. Era acabá-lo e mete-lo a ele lá dentro.
O Melhor:
  • Quim barreiros. Ganhou a câmara de Amarante ao pistoleiro do Marco, sem recorrer a adereços voadores ou piadas brejeiras.
  • Valentim Loureiro. Toda a sequência que antecede o discurso de vitória do homem é fabulosa, terminando num "foda-se" para os gajos que tentavam desesperadamente arranjar os microfones.

O sentido do voto

Passou-se mais um acto eleitoral e podemos ficar orgulhosos porque as eleições decorreram com normalidade, houve uma grande elevação no tom geral da campanha e no discurso de todos os candidatos, e o povo português mostrou mais uma vez a sua maturidade política, tendo a Democracia e as conquistas de Abril saído claramente reforçadas (À excepção de Amarante onde uma certa comunicação social desonesta, combinada com a ingratidão e cegueira populares incompreensíveis, não permitiram a consagração desse visionário que é Avelino Ferreira Torres, elegendo em sua vez um homem com ar de taberneiro, que para ser o Quim Barreiros só lhe falta a concertina e que ainda por cima não tem o hábito de oferecer viagens de helicóptero à malta...)
Englobo-me nesta massa anónima de votantes determinados, que imbuídos de um espírito cívico férreo se sacrificam pelo seu país gastando 10 minutos do seu precioso tempo visitando a escola secundária mais próxima para aí exercerem o seu dever.
Vejam lá que nem digeri convenientemente as tripas do almoço, tal era o aperto nas minhas próprias entranhas para consumar o meu direito e dever democrático.
Desta vez resolvi ir almoçado e com a barriguinha bem forrada, porque isto de votar em jejum, tem demasiadas semelhanças com certo exames médicos abjectos. Quando me encontro na fila a aguardar a minha vez estou sempre à espera que o chefe da mesa de voto, me ordene para baixar as calças e me faça um toque rectal em frente aquela gente toda.
Pelo visto toda a gente teve a mesma ideia que eu e as filas das diversas salas já se entrecruzavam diversas vezes.
Sou um homem de convicções fortes, aliás, sou obrigado a tomar 2 Buscopans nas crises de convicção mais graves, principalmente quando abuso dos fritos.
Estava eu no fim da fila a confirmar mentalmente a minha decisão racional, ponderada e inabalável, enumerando metodicamente os prós e os contras que me levaram a tão brilhante conclusão, quando aparece um velho amigo meu, que por acaso ía também votar na mesma sala. Conversa puxa conversa e fiquei a saber que ele era colaborador directo de um candidato de outro concelho, e que por acaso nem ía votar nesse mesmo partido!
E então eu expliquei todo o meu raciocínio lógico que me levou à brilhante conclusão de que teria que votar no candidato do tal partido, ao que ele me responde:
- Eu estive à conversa com ele e o gajo não quer ser eleito, pá! Ele diz que está tão bem no parlamento europeu, bons honorários ninguém o chateia... Já viste o que é o gajo vir meter-se nesta confusão que é a Câmara do Porto? Ele foi empurrado pelo partido...
Ao que eu respondi:
- É pá, não me digas essa merda. Eu ía votar no gajo...
E ele insiste:
- A sério meu, o gajo está-se a cagar para a eleição...
Eu ali no meio daquela multidão prestes a ter um ataque de convicções, e não é que me tinha esquecido do Buscopan.
Encharcado em suores frios, ouço o chefe da mesa de voto a pronunciar o meu nome.
Dirigi-me para o postigo e simultaneamente o meu amigo dirigiu-se para o postigo ao lado, tendo ainda tempo para me sussurar entre dentes:
- Vota em consciência.
Coloquei três cruzes tremidas noutro candidato...

segunda-feira, outubro 03, 2005

O sabor da azeitona

Era debaixo da mesa de braseira, que nas tardes de Verão eu me escondia a comer azeitonas às mãos cheias, sentado naquele quadrado de pinho, com os pés enfiados no buraco sem função.

sexta-feira, setembro 23, 2005

Cereja erótica

Balofas carnes de
balofas tetas
caem aos montões
em duas mamas pretas
chocalhos velhos a
bater na pança
e a puta dança.

Flácidas bimbas sem
expressão nem graça
restos mortais de uma
cusada escassa
a quem do cu só lhe
ficou cagança
e a puta dança.

A ver se caça com
disfarce um chato
coça na cona e vai
rompendo o fato
até que o chato
de morder se cansa
e a puta dança.

António Botto

quinta-feira, setembro 22, 2005

Realidade e ficção

É verdade que a vida imita a arte e arte imita a vida, mas eu acho que a realidade consegue sempre surpreender-nos mais do que a ficção, quanto mais não seja, por ser real, ou por não o ser.
Algum dia um argumentista se lembraria de escrever o guião da Fátima Felgueiras, do tipo que ganhou o euro milhões, foi a Itália buscar um Ferrari e morreu na viagem de regresso, ou qualquer história de Boticas? Impossível.
Ontem revi o filme "A cidade de Deus", um dos melhores filmes que vi nos últimos anos. O filme é baseado em factos reais, filmado com poucos actores profissionais. Os protagonistas são putos da favela, recrutados via um projecto de reinserção social criado no Rio de Janeiro.
Trata-se da história de um grupo de chavalos, desde os anos 60 até aos dias de hoje, o início do bairro da "Cidade de Deus" e a sua transformação em favela, a criação dos gangs e a evolução do tráfico de droga com desenvolvimento das "bocas" e de autênticos exércitos privados, com recrutas de 10-12 anos, a corrupção e a barbárie da polícia.
Um filme carregado de violência e ódio, encarnada em Zé Pequeno, com verdadeiros heróis estóicos, à moda antiga, como Mané Galinha, mas também um filme com uma mensagem moral e de esperança, transportada pela salvação de Buscapé, o narrador-testemunha, o seu sonho de ser fotógrafo, a forma fantástica como esse sonho se concretizou, os acasos e coincidências com que a vida nos sorri, quando nos permitimos ousar.
PS: A fotografia e a banda sonora são do melhor...

terça-feira, setembro 20, 2005

A B, SEXO

Ontem à noite assisti a um novo programa da TVI, o "A, B, SEXO", onde se ensina entre outras coisas a lavar convenientemente a piroca e a pachaxa, descrições técnicas detalhadas de como fazer felácio, cuniliguis e anilinguis, como transformar um preservativo num contraceptivo feminino ou como utilizar um adaptador vibratório na língua para melhorar a lambidela...
Tudo isto num registo de programa de culinária, do tipo, é muito fácil, basta juntar uma pitada de vaselina, penetração profunda a gosto, deixe fornicar durante 15 a 20 minutos com aceleração moderada e sirva acompanhado de mordidelas no pescoço e gemidos q.b...

segunda-feira, setembro 19, 2005

Transportugal, a farsa

Participei este fim-de-semana no famoso raide Transportugal, que por acaso se realizou nas belas serranias carbonizadas à volta da minha terra.
Uma coisa em grande, sob o patrocínio das melhores empresas do país, cobertura jornalística, organização do mítico José Megre esse percursor do todo-o-terreno em Portugal, com participações honrosas no Paris-Dakar, nos idos anos oitenta, ao volante dos velhinhos UMM (União Metalo Mecânica).
Há que assinalar, que para este senhores o conceito da travessia de Portugal, como o nome sugere, não passa por cruzar o país de Norte para Sul ou de Leste para Oeste, mas sim por uma viagem entre Vilarinho Seco e as Alturas do Barroso (É o que se chama reduzir o percurso ao essencial...).
Na organização, o Megre aparece-me de calcinha branca vincada e sapatinho de verniz.
Depois, os participantes metiam dó!
Estes artistas, a maior parte deles oriundos da Capital do Império equipados com equipamentos GPS, calçãozinho da moda "Coronel Tapioca" e lencinho de pescoço para as tempestades de areia, protegeram os seus bólides com plásticos autocolantes para não riscar os pópós. Sim, porque eles são radicais, mas todo-terreno é como o sexo, sempre seguro, portanto há que enfiar o preservativo no carrinho...
Para compor o ramalhete, os comes e bebes, indiscutivelmente a parte mais decisiva da prova, deixou também muito a desejar.
O almoço nas Caves de Murça foi indiscritível. Apresentaram um arrozinho de carne com propriedades semelhante às da argamassa e ao jantar o Ti Faustino, ofereceu-nos aquela pomada que ele faz sem necessitar de uvas, em que é preciso torcer uma orelha para conseguir sorver esse delicioso nectar.
Qual Megre, qual Trransportugal qual que!
O Clube Aventura de Boticas e o raide da carne Barrosã dão 1000 a 0 a estes coneirões...

quinta-feira, setembro 15, 2005

Glorioso, 2

Mesmo assim, o Tiago Monteiro continua a ter mais pontos que o Benfica!
Micolli és um pequeno-grande jogador,
ou como diria o celestial Gabriel Alves:
"OOOOOhhhh, toda a escola italiana a mostrar-se na técnica individual do jogador ..."
ou ainda:
"Micolli, 1 metro e 68 de golo...um jogador com um tempo de salto de 70 centímetros...Este jogador é uma jovem esperança do futebol italiano que se não se vislumbrar nem embandeirar em arco se poderá concretizar numa certeza..."

terça-feira, setembro 13, 2005

Glorioso

É incrível, mas até o Tiago Monteiro já tem mais pontos que o Benfica...

A relêr: "A insustentável leveza do ser"

"Se alguém procura o infinito, basta fechar os olhos"
Isto deixou-me bastante optimista, apesar de ainda não saber muito bem o que vou fazer ou dizer quando o encontrar...

sexta-feira, setembro 02, 2005

Galaxy Song

Whenever life get you down, Mrs. Brown,
And things seem hard or tough.
And people are stupid, obnoxious or daft,
And you feel that you've had quite enu-hu-hu-huuuuff!

Just - re-member that you're standing on a planet that's evolving
and revolving at 900 miles an hour,
It's orbiting at 19 miles a second, so it's reckoned,
the sun that is the source of all our power.

The Sun and you and me, and all the stars that we can see,
are moving at a million miles a day,
In the outer spiral arm, at 40,000 miles an hour,
of the Galaxy we call the Milky Way.

Our Galaxy itself contains 100 billion stars,
it's 100,000 light-years side-to-side,
It bulges in the middle, 16,000 light-years thick,
but out by us it's just 3000 light-years wide.

We're 30,000 light-years from galactic central point,
we go round every 200 million years,
And our galaxy is only one of millions of billions

in this amazing and expanding universe.

The universe itself keeps on expanding and expanding,
in all of the directions it can whizz,
As fast as it can go, at the speed of light you know,
twelve million miles a minute, and that's the fastest speed there is.

So remember, when you're feeling very small and insecure,
how amazingly unlikely is your birth,
And pray that there's intelligent life somewhere up in space,
because there's bugger all down here on Earth.

Chalaça

Como é que se chama um alentejano com suíças, trejeitos na boca e uma poupa cheia de brilhantina?

Elvas Presley...

quarta-feira, agosto 31, 2005

Assis ao poder

Este visionário já tinha prometido construir um parque de lazer ao lado da minha casa.
Hoje apresentou um projecto para construir um centro de saúde no terreno contíguo ao meu prédio.
Tem o meu voto.

terça-feira, agosto 30, 2005

Regresso

A cereja foi cerêja,
passou a cerâja,
se ha transmutado en cereza
e acabou cereija

quinta-feira, julho 28, 2005

Boticas Livre. A revolução está em marcha...

http://boticas2.blogspot.com

T minus 2 days, and counting...

Mais dois diazitos e a cereja vai a banhos...

Intimidade

É, no fim de um jantar, poder falar das vezes que em média se caga por dia.
Fiquei ontem a saber que um amigo meu não consegue cagar de manhã, outro, não caga todos os dias e um outro caga sempre de manhã depois de tomar café.
Um deles, quando era puto, tinha como divertimento cagar de alto, subindo às árvores juntamente com os compinchas, provocando uma chuva de merda que devia ser digna de se ver...
É tão bom partilhar...

segunda-feira, julho 25, 2005

O super-irritante

Ontem no concerto tive a sorte de ficar ao lado do super-irritante, aquele super herói do gato fedorento...
O gajo para além de ser roto, passou o concerto a tentar cantar as músicas, com a particularidade de entrar sempre 3 segundos antes da Bethânia começar a cantar, fazendo com que até ela própria o deve ter ouvido, para além de se enganar frequentemente nas letras e desafinar mais do que o Marante dos Diapasão.
O filho-da-puta estava em delírio, as palmas do cromo eram tão fortes que ainda estão a ressoar na minha cabeça. Até tive pesadelos com rebarbadeiras em chapas de zinco.

Bethânia intemporal

Confesso que não simpatizava muito com a figura, mas o concerto foi muito bom.
A Mulher, e neste caso justifica-se a letra maiúscula, é uma força da natureza e tem uma voz poderosa, que sai com uma naturalidade impressionante.
Vinicius pairou sobre o Coliseu ontem à noite...
Saravá!
Soneto de Fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

terça-feira, julho 19, 2005

Super size me à portuguesa

"Quando não há um café perto para petiscar a meio da tarde, vou a uma dessas lojas "diabólicas" de fast food e como um chicken burguer. Um chickenburguer é um bocado de galinha e duas folhas de alface, entaladas em duas fatias de pão. Se eu fosse um português "médio", entrava num café, bebia meia-de-leite, mais os dois respectivos pacotes de açúcar, e comia uma bola de berlim ou um eclair.
Agora, o que eu gostava, era que um desses filhos das putas que andam para aí a partir, cobardemente, as lojas da McDonalds, que normalmente tem a mania que são de esquerda e muito liberais, me viessem dizer o que eu devo comer, e que a comida tradicional, como um eclair e leite açucaradíssimo,são mais saudáveis que um bocado de galinha e duas folhas de alface. Quando ele me começasse com a conversa, enfiava-lhes dois murros nos cornos, para ver se eles se começam a por finos. E nem me dou ao trabalho de falar dos malefícios que o presunto, rojões, ou as alheiras caseiras, etc, causam a saúde."

Luis Boticas

segunda-feira, julho 18, 2005

Ainda o Grande Prémio do Porto. A bancada transparente

De toda a concepção do circuito do Grande Prémio histórico do Porto, há que realçar a já mítica bancada da recta da meta. Num arrojo de inspiração o arquitecto resolveu projectar esta construção com a orientação contrária à que normalmente se vê nos circuitos de todo o mundo.
Imagino a que ideia terá surgido da dialéctica de duas concepções arquitectónicas antagónicas:
A corrente pragmática, que nunca perde o sentido último para o qual a obra está a ser concebida, que neste caso seria, a de proporcionar o melhor campo de visão aos espectadores da corrida.
E a corrente mais holística, que procura a harmonia estética com o todo, que neste caso passou por aproveitar a localização previlegiada junto ao Mar e proporcionar aos espectadores a possibilidade de se deleitarem com uma vista marítima magnífica, enquanto assistem ao Grande Prémio.
O arquitecto optou pela segunda via, e em boa hora o fez, pese embora se ter verificado um anormal número de torcicolos e rupturas de ligamentos nos espectadores.
Para a próxima edição do Grande Prémio, Rui Rio fez já a promessa eleitoral de mandar construir um espelho gigante convexo de maneira a garantir a melhor visibilidade nesta bancada.

quinta-feira, julho 14, 2005

O consultor instantâneo, 2

Regras básicas para alguém parecer um consultor credível:

2. Utilizar o maior número possível de siglas

Apesar das best practices não recomendarem um limite de utilização, o abuso descontrolado deste artifício pode provocar nos interlocutores perturbações mentais, perdas de equilíbrio, náuseas e em casos mais raros, flatulência.
Para além, é claro, de fazer figura de parvo, fazendo lembrar vagamente um Sueco gago depois de ter ingerido, de gralheiro, 2 garrafas de Absolut...
Exemplos práticos de frases a utilizar regularmente:
"...A implementação do OLAP suportado numa tecnologia ETL, claramente que lhe garante a visão matricial sobre o seu negócio, permitindo-lhe aferir o EVA e o EBITDA..."
"...Ó BC chama por favor o JP para executar o MRP e o MPS..."
"---O ETC da WBS é OK, faz um PPT e envia por TCPIP..."
A utilização de siglas descontextualizadas é uma boa prática, mas deverá recorrer a elas com comedimento. Exemplo prático:
"...Tipicamente, deveriamos utilizar os módulos MM e SD com ou sem PP, sendo que PQP o FCP, pois sem MRPP não haverá CGTP..."

segunda-feira, julho 11, 2005

A nostalgia ao serviço dos cidadãos

Este fim-de-semana realizou-se o grande prémio histórico de fórmula 1 da cidade do Porto.
Parece que a ideia surgiu de uma recordação nostálgica de Rui Rio, que quando era puto ranhoso, acompanhava o pai sempre que este se deslocava às corridas, nos idos anos 50 e 60.
Embuído deste espírito, juntamente com mais alguns amigos oportuno-saudosistas, RR decidiu por em marcha esta iniciativa de elevado retorno para a cidade Invicta.
Se eu fosse o Presidênte da Câmara provavelmente mandaria despoluir o rio Douro, repovoava-o com trutas arco-íris, enguias e barbos, e organizava um concurso de pesca desportiva a nível mundial. Muito mais divertido e ecológico...

Este Rio é mesmo um secas, se o Presidênte fosse o Valentim ou o Pinto da Costa poderiamos ter tido um grande prémio de casas de alterne. Poderiam recuperar-se todos esses antros decrépitos e transformar a rua Santos Pousada na Red Light da Europa do Sul...

sexta-feira, julho 08, 2005

Olé, tá a ver...

Confirmei hoje uma suspeita que tinha há já algum tempo: Olé é a forma queque de dizer Olá.
Há já algum tempo que tenho ouvido esta corruptela da boca de certos sucedâneos do grupinho referido, mas hoje em conversa com um genuíno espécime desta raça (Os sinais eram evidentes: Tem veleiro, bronze fantástico 365 dias por ano, blazer azul de trespasse com botões dourados, sorriso Pepsodent...) confirmei a minha teoria.
Ainda não percebi qual é a ideia da coisa, se dar um certo ar de descontração e desprendimento misturado com uma certa intimidade consentida, se simplesmente chamar, de forma subliminar, côrno ao interlocutor.
Ainda gostava de ver estes artistas utilizar a expressão em terras do Barroso.

quarta-feira, junho 29, 2005

terça-feira, junho 28, 2005

And Now...For something completely different

There are Jews in the world,
there are Buddhists,
There are Hindus and Mormons and then,
There are those that follow Mohammed,
But I've never been one of them...

I'm a Roman Catholic,
and have been since the day I was born,
And the one thing they say about Catholics,
Is they'll take you as soon as you're warm...

You don't have to be a six-footer,
You don't have to have a great brain,
You don't have to have any clothes on -
You're a Catholic the moment dad came...
because...

Every sperm is sacred,
every sperm is great,
If a sperm is wasted,
God gets quite irate.

Every sperm is sacred,
every sperm is great,
If a sperm is wasted,
God gets quite irate.

Let the heathen spill theirs,
on the dusty ground,
God shall make them pay for each sperm that can't be found
Every sperm is wanted,
every sperm is good,
Every sperm is needed in your neighbourhood.

Hindu, Taoist, Mormon,
Spill theirs just anywhere,
But God loves those who treat their Semen with more care.

Every sperm is sacred,
every sperm is great,
If a sperm is wasted,
God gets quite irate.

Every sperm is sacred,
Every sperm is good,
Every sperm is needed,
In your neighbourhood.

Every sperm is useful,
every sperm is fine,
God needs everybody's,
Mine And mine And mine Let the Pagan spill theirs,
O'er mountain, hill and plain,
God shall strike them down for Each sperm that's spilt in vain.

Every sperm is sacred,
every sperm is good,
Every sperm is needed in your neighbourhood.

Every sperm is sacred,
every sperm is great,
If a sperm is wasted,
God gets quite irate.

terça-feira, junho 21, 2005

O Consultor Instantâneo, 1

Dicas para alguém parecer um consultor credível:

1. Utilizar uma média de três palavras em Inglês por cada 17 palavras proferidas.

Este rácio deverá ser corrigido por dois factores:
a) O grau de impressionabilidade do interlocutor (1-1,5)
b) O grau de desespero associado à resposta (1-1,5).

Assim o npi (número de palavras em Inglês) será calculado da seguinte fórmula:

npi = ( a x b x 3/17 ) x 100

Nota: Também é válida a utilização de Anglicismos inventados no momento.

Exemplos de frases a utilizar regularmente:

"...mas, não podemos jeopardizar essa questão..."
"...nesse caso, temos que flatar a BOM..."
"...devemos dar empowerment, uma vez que o Business Case assim o demonstrou e apesar de não cumprirmos esse milestone, obviamente que isso vai afectar o vosso P&L..."
(Esta última utilizar de forma comedida...)

Dia de Domingo (Versão Fado do Consultor dedicada ao utilizador de sistema anónimo)

Eu preciso machacar,
Martelar de qualquer jeito,
Prá'certar e consertar
A cagada que cê tem feito.

Eu preciso descobrir
a encomenda sem sentido,
e na pele vou sentir
a emoção de estar contigo.

Ver o dia a amanhecê,
Por detrás do meu PC,
Mesmo que seja Domingo.

Refrão:
Faz de conta que ainda é Sexta,
Tudo on-going é a nossa ilusão.
Faz de conta que ainda é Sexta,
Ignorar o erro naquela sessão.

Profissões fictícias

Engenharia do Pisco

quarta-feira, junho 15, 2005

To all my old friends

Strangers when we meet

All my friends
Now seem so thin and frail
Slinky secrets
Hotter than the sun

No peachy prayers
No trendy rechauffe
I'm with you
So I can't go on

All my violence
Raining tears upon the sheet
I'm bewildered/resentful
For we're strangers when we meet

Blank screen TV
Preening ourselves in the snow
Forget my name
But I'm over you
Blended sunrise
And it's a dying world
Humming Rheingold
We scavenge up our clothes

Cold tired fingers
Tapping out your memories
Halfway sadness
Dazzled by the new

Your embrace
Was all that I feared
That whirling room
We trade by vendu

Steely resolve
Is falling from me
My poor soul
All bruised passivity
All your regrets
Ride rough-shod over me
I'm so glad
That we're strangers when we meet
I'm so thankful
That we're strangers when we meet
I'm in clover
For we're strangers when we meet
Heel head over
And we're strangers when we meet

David Bowie, Outside

quinta-feira, junho 02, 2005

Profissões fictícias

Desencravador de Pitons

Espólio do Pasquim Indigente, 1

O Pasquim Indigente - 12 de Janeiro de 2006
"Guerra aberta às rectas
Num país habituado a ocupar o último lugar nas estatísticas europeias de desenvolvimento, esta notícia prova que ainda há portugueses que com o seu rasgo, honram a memória de um Albuquerque ou de um Gama.
Na passada semana o Presidente da Câmara de Sacitob fez aprovar por aclamação a visionária medida que irá por um ponto final nas rectas ainda existentes neste município.
Esta decisão foi brilhantemente sintetizada pelo próprio autor desta revolucionária medida no discurso de encerramento dos trabalhos:
- As rotundas constituem o último passo da evolução da humanidade, iniciada hà milhões de anos atrás quando os nossos primitivos antepassados inventaram a roda.
Esta medida insere-se num programa mais vasto iniciado há já alguns anos com a construção da primeira rotunda, obra mal compreendida pelas gentes locais, que não viam nela qualquer utilidade, para além de constituir um excelente bebedouro para as vacas, o que até vinha a calhar, uma vez que o bebedouro centenário original fora mandado demolir pelo excelentissimo autarca.
Ao longo dos anos esta autarquia tem promovido a construção de infraestruturas semelhantes, estrategicamente localizadas e os locais são unânimes em reconhecer que o trânsito flui perfeitamente pelas artérias da vila, não havendo sinais de potenciais congestionamentos no tráfego, à semelhança aliás do que já acontecia antes da construção das mesmas.
O que agora se anuncia é o fechar de um ciclo, ou melhor dizendo, de um círculo. Trata-se do verdadeiro ovo de Colombo: Uma vez que as rotundas eliminam e evitam os congestionamentos de tráfego, então quanto maior for o número de rotundas, mais harmoniosamente os veículos circularão.
Assim o que nos propõe este estulto dirigente é o extermínio das rectas. O projecto comporta a construção de uma cadeia de rotundas cujo perímetro total alcançará, concluída a última fase da obra, os 323 Km.
O projecto tem despertado o interesse da comunidade internacional, tendo a Vila já recebido a visita de uma comissão Japonesa, no sentido de adoptar esta solução rodoviária para as principais cidades nipónicas. Os japoneses mostraram-se entusiasmados com a sugestão Zen que o círculo da rotunda transporta, havendo no entanto suspeitas que este entusiasmo se deveu ao palhete ingerido horas antes na Adega do Sr. Guilhermino.
Este empreendimento teve já repercursões nos sectores mais inesperados, nomeadamente nos Estados Unidos da América, farol da humanidade no último Século.A National Association for Stock Car Auto Racing propõe-se a incluir no campeonato do próximo ano as inéditas 500 milhas de Sacitob, propondo-se desenhar um circuíto decalcado no já famoso complexo de rotundas."

quarta-feira, junho 01, 2005

Profissões Fictícias

Furador de folhas

sábado, maio 28, 2005

quarta-feira, maio 25, 2005

O Velho e o Rio

O meu velho não é do mar,
é do rio.

A amostra em vez do arpão,
Os gralheiros às correntes,
A cardiela é a ondulação.
As focas transformam-se em lontras.
Não há navios no calhau
e o blue marlin é uma peixe arco-íris.

O meu velho não é do mar,
é do rio.
Confunde-se com as suas margens,
Furtivo.Imagino-o puto reguila,
a ouvir os truques segredados pelos velhos transgressores,
Que à noite armavam cordas
e deixavam redes a ameijoar.

O meu velho inventa nomes mágicos para as coisas,
O Corgo da Água Fria,
O Poço das Pingas,
A Volta da Cerdeira,
O Bogão.
E recorda as proezas que aconteceram nesses lugares,
Ali, no outro dia escapou-me uma de Quilo.
Acolá sem sair do sítio tirei seis, todas com a medida.
É o único pescador não mentiroso que conheço.


De todas as vezes, repete os mesmos conselhos,
e eu ouço-os sempre com o mesmo encantamento da primeira vez.
Lança para ali que tiras uma truta.
e tirei.
O meu velho ria.


quarta-feira, maio 18, 2005

Masturbação no curriculum

Fim do mundo!

Expresso - 14 Mai 05
"Educação sexual polémica
Alguns manuais escolares, elaborados em consonância com as novas orientações dos Ministérios da Educação e da Saúde, propõem aos professores exercícios para crianças de 10 e 11 anos tais como colorir «partes do corpo que gostam que sejam tocadas».
Outra sugestão é pedir aos alunos que indiquem «manifestações sexuais», dando como exemplos a «manipulação dos órgãos genitais, beijos entre namorados e relação sexual». Estes manuais estão a provocar acesa polémica entre os educadores.
Educação Sexual Programas sem controlo

Um teatro sugerido para o 2.º e 3.º ciclos: 5 alunos «fazem» uma viagem de avião e chegam a uma terra onde a maioria da população é homossexual. Improvisam-se diálogos entre viajantes e população e o debate deve ser orientado para questões como: um comportamento é saudável ou normal porque é maioritário? Outro exercício, para o 1.º ciclo, é falar sobre os diversos tipos de família a partir deste desenho
EM EXERCÍCIO de 50 minutos, destinado a turmas do 5.º e do 6.º ano, propõe que, durante a aula, os professores ponham os alunos de 10 a 12 anos a pensarem no maior número possível de sinónimos para palavras como testículos, pénis, vagina ou relação sexual. De acordo com os manuais para os professores é «normal e aceitável utilizar expressões consideradas menos adequadas» e que podem mesmo «causar embaraço ou tornar-se desagradáveis». No final, e esgotadas todas as hipóteses, os estudantes devem afixar num «placard» o resultado deste trabalho.
Este é um dos exemplos das tarefas propostas para o ensino de Educação Sexual, uma matéria transversal, isto é, que pode ser dada por qualquer professor e em qualquer disciplina entre o 1.º e os 12.º anos de escolaridade. Em Outubro de 2000, os Ministérios da Educação e da Saúde produziram umas «linhas orientadoras da Educação Sexual em Meio Escolar» que passaram a estar em vigor. Foram feitos manuais e sugeridos textos para ajudar os professores, mas nunca foi feita qualquer avaliação. Neste momento, ninguém sabe como foi dada, por quem e a quantos alunos chegou esta informação. Muito menos se apurou a eficácia deste tipo de conteúdos.
«Ridículo».

Esta ficha, integrada num livro espanhol sugerido pelo Ministério da Educação, pretende introduzir nas salas de aula do 1.º ciclo a questão da masturbação. O professor deve perguntar: o que está o rapaz a tocar (o mesmo para a rapariga)? Já fizeste isso? Onde o fazes? Com quem o fazes?
Para Manuela Calheiros, psicóloga e professora universitária, «o exercício proposto é ridículo». Mas esse não é o maior problema deste projecto educativo. Com efeito, por não ser «testado, por não ser feita formação de professores e avaliados os resultados», há aqui «uma falha gravíssima», tanto mais que ninguém sabe «quem é responsável» pelas eventuais falhas cometidas. Manuela Calheiros vai mais longe: «não há contexto emocional» em todos os conteúdos programáticos sobre sexualidade, tal como ausentes estão «as famílias, o próprio envolvimento cultural e, mais grave, a possibilidade de qualquer pessoa dizer ‘não’». Para a psicóloga, mais importante do que enumerar e enunciar os actos sexuais - sejam eles quais forem - «é formar os alunos para sentimentos positivos e negativos» e, nesse processo, «aprender a conhecer-se e reconhecer que pode recusar situações ou atitudes que não aceite».
Outra proposta de trabalho apresentada nos manuais de apoio aos professores, tendo como destinatários crianças de 10 e 11 anos, consiste em pôr os alunos a colorir uma figura (masculina ou feminina), para depois assinalarem «as partes do corpo que elas gostam, ou não, que sejam tocadas. Estes desenhos podem ser recolhidos de forma a constituírem informação para o professor». Outra sugestão passa por pedir aos alunos que façam «uma lista com todas as manifestações sexuais que venham à ideia, colocando à frente de cada um o tipo de sensações presentes». Como exemplos sugeridos aos professores são elencados: «manipulação dos órgãos genitais, beijos entre namorados, relação sexual».
Pais fora de jogo?..."


http://www.forumdafamilia.com/peticao/peticao.asp

quarta-feira, maio 11, 2005

O tempo perdido: A ouvir passar os comboios

A primeira vez que senti um rebentamento pensei que o meu coração ía explodir naquele instante. A actividade no Bunker decorria com a mecânica normalidade de um formigueiro. Alguns escriturários sentados em frente aos respectivos monitores, ligados umbilicalmente aos teclados, outros caminhando apressadamente pelos corredores segurando um monte de papeis na mão, onde seguramente se traçaria o futuro da guerra e da humanidade.
A bomba anuncia a sua chegada com um silvo, primeiro distante, depois na vertigem de um instante tudo paralisa com o estrondo da explosão. O edifício contorce-se até às fundações, as entranhas da terra rugem, o coração dispara durante os cinco segundos em que demoramos a perceber que afinal não estamos mortos. O nó no estômago desfaz-se e um suor gelado escorre pela fronte apavorada do nosso rosto.
Os meus companheiros de abrigo, talvez pela já longa duração da guerra, permanecem imperturbáveis a estas mortes anunciadas. Parecem ter entrado num estado de torpor mecânico, fazendo lembrar um velho motor de barco pesqueiro.
Apesar de inicialmente me ter parecido incompreensível como era possível que aquelas pessoas permanecessem impassíveis face à proximidade do seu fim, acabei por incorporar o mesmo estado letárgico e alienado. A rotina tritura até a tragédia dos acontecimentos mais catastróficas. O que é banal e previsível rapidamente se torna familiar, normal, mesmo que a norma seja o Inferno na Terra. A guerra tornou-se previsível, ao ponto de conseguir planificar ao minuto os rebentamentos dos obuses.

A primeira bomba caía pontualmente por volta das 8h47. Era um rebentamento longo, mas distante. Seguramente atacavam outro dos nossos postos avançados.
O período entre as 11h e as 12h30 era onde se concentravam mais ataques, havia explosões consecutivas, não sendo possível comunicar com ninguém durante largos minutos, a não ser aos gritos. Por volta das 18h23 acontecia a maior explosão e certamente a mais bem direccionada. Todo o edifício estremecia com a força do impacto, prolongando-se por um tempo que pareciam horas.
Por vezes verificavam-se ligeiros atrasos. Esses eram os piores momentos. As previsões falhavam, deixavamos de ter o controlo dos acontecimentos.Qualquer instante poderia ser o último, mas com o arrastar dos meses, até os atrasos se tornaram pontuais.Viviamos o futuro a cada instante.Era proibido fumar.

terça-feira, maio 10, 2005

sexta-feira, abril 29, 2005

A Ler: Verdade Tropical

Um emaranhado de conexações, afinidades e rupturas.
Um belo mapa para percorrer e apreciar a autêntica floresta de sons que é a MPB tendo como guia o génio de Caetano Veloso.
Novas referências, que já conhecia de ouvido, para explorar: Jorge Ben, Ray Charles, Telonious Monks.
As referências a Dorival Caimmy e João Gilberto são deliciosas e percebo agora mais claramente as influências, evoluções e rupturas.
Também para mim "Chega de saudade" é a grande referência do movimento da Bossa Nova.

Estranhamente, não é feita qualquer referência aos Bi-Bossa.

quarta-feira, abril 13, 2005

Caça ao gato

No improvável Winsconsin, a malta, como anda um bocado aborrecida, está prestes a decidir abrir a caça ao Gato.
E que tal abrir a caça ao pombo nas grandes cidades?
Esses ratos com asas que cagam tudo e devoram o milho dos velhinhos, que desprotegidos são atacados nos bancos do jardim!

Bloody Yankees...

terça-feira, abril 12, 2005

O tempo perdido. A ver passar os comboios

Sempre que ia a Chaves com os meus pais, o acontecimento era de grande excitação, uma vez que havia sempre a perspectiva de uma prenda, invariavelmente um carrinho de brincar da matchbox, mas no meu inconsciente nascia sempre o sabor da aventura de ir à cidade, sítio de infindáveis possibilidades e novas experiências.
A minha Mãe lá me arrastava pela rua Direita acima sob a ameaça de um par de bofardos, caso eu não parasse de meter o nariz em tudo.
Havia também os eclairs e os mil-folhas do Aurora, que constituíam mais um delicioso motivo de interesse nestas viagens ao Novo Mundo.
Mas o momento que eu mais aguardava era aquele ponto mágico da viagem, em que a estrada se encontrava com a linha do comboio.
Já tinha decoradas as curvas e contra curvas que antecediam o local. Após passar junto ao café de Curalha, iniciava-se a descida, sendo que a meio aparecia o Tâmega e a ponte ferroviária, que sempre me pareceu incrivelmente estreita. Os carris rompiam abruptamente de um rasgo na rocha da serra em frente, prolongando-se pela ponte, descrevendo depois uma curva apertada para entrar no cais de mercadorias, ao lado da estrada.
A aproximação final era uma longa parabólica, que parecia ter sido assim desenhada para prolongar e aumentar a excitação dos últimos momentos, antes que se avistassem as cancelas e a casinha do guarda.
Todo o espaço-tempo se recurvava para esse momento sublime e ao mesmo tempo assustador em que eu, não contendo a ansiedade ouvia, sentia e finalmente via a grande locomotiva (nos primórdios ainda a carvão) a aproximar-se vagarosamente, miraculosamente sem sair dos trilhos, arrastando os três velhos vagões de madeira.
A desilusão que era sempre que as cancelas estavam abertas...

Momento solene

Começam hoje aqui estes rabiscos para a posteridade...