terça-feira, janeiro 08, 2008

Matança do Reco

Mais uma vez comprovei a minha total inaptidão para as artes barrosãs, em mais uma tentativa ridícula de me aproximar das minhas "raízes".
Para além de ter sido desclassificado à partida da prova de galhardia e coragem que é agarrar o bicho, ainda me delegaram a humilhante tarefa de segurar na bacia do sangue enquanto o matador espetava a faca.
A coisa correu tão bem que o reco deu uma patada no raio da bacia tendo a mesma ido aninhar-se caprichosamente na cabeça do meu pai, cobrindo-o de sangue da cabeça aos pés.
(Nem os irmãos Marx fariam melhor)
Há fotografias que o comprovam, isto se o sangue não tiver dado cabo da máquina ou do filme.
Para além disso acumularam-se as mazelas dos participantes, que foram desde as costas empenadas, um joelho estriquinado, um dedo cortado e dois egos gravemente feridos.

Acho que no final, feitas as contas, os porcos foram os que menos sofreram!

quinta-feira, janeiro 03, 2008

"HÁ JÁ MUITO TEMPO QUE NESTA LATRINA O AR SE TORNOU IRRESPIRÁVEL"

O céu pulveriza a noite de gotículas que se suspendem no ar e molham a respiração.
Os candeeiros espiam-nos por cima do ombro e cochicham imoralidades abençoadas.

A Escória
fez história
do Astória,

Derrubou a estátua,
De alguém que já niguém sabia quem era
ergueu um MCDonalds,
Que toda a gente sabe o que é
tornou tudo branco, circular...

A Escória
fez história
do Astória,

De dentro ressoa o inevitável brasileiro
Em vez da Luxúria num esgar de berreiro
retorçendo os membros enquanto esventra o arquitecto paneleiro
O Insólito do alumínio branco e do cheiro a hamburgueres faz-me vomitar

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Este é o tempo

Este é o tempo dos balanços e das mudanças inadiáveis, para que tudo fique na mesma, ou um pouco pior, mas que não se note
- Retoquemos a pintura desbotada do rosto de fim de noite.

No fim da leitura de uma balada exótica, por terras de África, simbolizada no rio que corre para o fim do mundo, apatece-me escutar una cancion triste aos caudais anónimos do Beça ou do Terva...
Hoje em dia, já não é só o Níger, são todos os rios que correm para o fim do mundo.