quarta-feira, outubro 26, 2005

Last days de Gus Van Sant

Uma desintegração telúrica
A decomposição secreta das plantas
O Húmus Sapiens
A decadência da decadência bocejada
O absurdo e ensurdeçedor arrastar das horas
A consciência da solidão
A música como última redenção.

Fiquei com uma sensação de humidade entranhada nos ossos...um certo desconforto aquoso.

segunda-feira, outubro 24, 2005

Eu tinha qualquer coisa para pôr no blog...

Mas foi-se...
Saí de casa da X. e esqueci-me da chave de casa lá.
Só me lembrei quando estava a chegar a a casa...
Voltei lá, agarrei na chave e voltei para casa.
Entrei em casa e reparei que me tinha esquecido do tabaco no carro...
Desço à garagem e quando chego perto do carro, dou conta que me tinha esquecido da chave do carro.
Volto a casa, pego na chave do carro, volto novamente à garagem e regresso finalmente a casa!
Ainda bem que respirar é comandado por esforço muscular involuntário...

segunda-feira, outubro 17, 2005

Glorioso, SLB! Glorioso SLB!

O Benfica deu uma lição de como se defende e para além disso foi altamente eficaz no ataque. "Nulo" Gomes, baptizado assim por um amigo Andrade no início do jogo já se enganou 7 vezes esta época.
O Porto precisa do Co Adrianse para por a equipa a atacar e mais um Co Treinador qualquer que ensine a equipa a defender.
Co Adrianse perdeu grande parte da credibilidade ao mentir duas vezes na conferência de imprensa. O rapaz fala demais e é melhor começar a ser acompanhado do Bobby ou do Tareco, ou nos casos de indisponibilidade dos mesmos, do guarda Abel.
Apesar de tudo apreciei o futebol de ataque exibido pelo Porto, um autêntico carrocel que fez lembrar a larânja mecânica de 74, do qual resultou uma oportunidade criada em todo o encontro...
Incha porco!!!

quinta-feira, outubro 13, 2005

OTA

Uma história de dois aeroportos:

Áreas:
Aeroporto de Málaga: 320 hectares,
Aeroporto de Lisboa: 520 hectares.

Pistas:
Aeroporto de Málaga: 1 pista,
Aeroporto de Lisboa: 2 pistas.

Tráfego (2004):
Aeroporto de Málaga: 12 milhões de passageiros, taxa de crescimento,7% a 8% ao ano.
Aeroporto de Lisboa: 10,7 milhões de passageiros, taxa de crescimento 4,5%ao ano.

Soluções para o aumento de capacidade:
Málaga: 1 novo terminal, investimento de 191 milhões de euros, capacidade 20 milhões de passageiros/ano. O aeroporto continua a 8 Km da cidade e continua a ter uma só pista.
Lisboa: 1 novo aeroporto, 3.000 a 5.000 milhões de euros, solução faraónica a 40Km da cidade.

quarta-feira, outubro 12, 2005

O absurdo

Preparar uma apresentação para um cliente que não se conhece, sabendo muito vagamente o que ele pretende, e sem dominar minimamente o assunto tratado.

"Os deuses tinham condenado Sísifo a empurrar sem descanso um rochedo até ao cume de uma montanha, de onde ela caía de novo, em consequência do seu peso. Tinham pensado, com alguma razão, que não há castigo mais terrível do que o trabalho inútil e sem esperança."

In: CAMUS, Albert. O Mito de Sísifo, ensaio sobre o absurdo

Um beijo em ti

Composição: Tema livre

terça-feira, outubro 11, 2005

Chuva

Finalmente a chuva voltou para limpar o calcário das calçadas, e reconciliar-nos com o cheiro intenso do verde das veredas esquecidas.

segunda-feira, outubro 10, 2005

Noite Autárquica


O Pior:
  • Carrilho. Aquele palhaço destila falta de chá, mau perder, pedantismo, arrogância, ausência de sentido democrático. E aquela tirada de se virar para trás, abraçar a Bárbara e receber um beijinho de conforto, foi digna de uma telenovela mexicana.
  • Felgueiras. A Fátima e a Terra. Com aquele bronze de Ipanema e corte de cabelo modernaço a dizer que aquilo foi uma lição de democracia para o país. Estais bem um para os outros, estais.
  • Rui Rio. Há-de ser sempre um contabilista, um mangas de alpaca, um contador de tostões, não mais do que isso. Que discurso de vitória... Sem dimensão, sem uma ideia, ranhoso e mesquinho até na hora da vitória. Deixem-nos acabar o túnel!. Era acabá-lo e mete-lo a ele lá dentro.
O Melhor:
  • Quim barreiros. Ganhou a câmara de Amarante ao pistoleiro do Marco, sem recorrer a adereços voadores ou piadas brejeiras.
  • Valentim Loureiro. Toda a sequência que antecede o discurso de vitória do homem é fabulosa, terminando num "foda-se" para os gajos que tentavam desesperadamente arranjar os microfones.

O sentido do voto

Passou-se mais um acto eleitoral e podemos ficar orgulhosos porque as eleições decorreram com normalidade, houve uma grande elevação no tom geral da campanha e no discurso de todos os candidatos, e o povo português mostrou mais uma vez a sua maturidade política, tendo a Democracia e as conquistas de Abril saído claramente reforçadas (À excepção de Amarante onde uma certa comunicação social desonesta, combinada com a ingratidão e cegueira populares incompreensíveis, não permitiram a consagração desse visionário que é Avelino Ferreira Torres, elegendo em sua vez um homem com ar de taberneiro, que para ser o Quim Barreiros só lhe falta a concertina e que ainda por cima não tem o hábito de oferecer viagens de helicóptero à malta...)
Englobo-me nesta massa anónima de votantes determinados, que imbuídos de um espírito cívico férreo se sacrificam pelo seu país gastando 10 minutos do seu precioso tempo visitando a escola secundária mais próxima para aí exercerem o seu dever.
Vejam lá que nem digeri convenientemente as tripas do almoço, tal era o aperto nas minhas próprias entranhas para consumar o meu direito e dever democrático.
Desta vez resolvi ir almoçado e com a barriguinha bem forrada, porque isto de votar em jejum, tem demasiadas semelhanças com certo exames médicos abjectos. Quando me encontro na fila a aguardar a minha vez estou sempre à espera que o chefe da mesa de voto, me ordene para baixar as calças e me faça um toque rectal em frente aquela gente toda.
Pelo visto toda a gente teve a mesma ideia que eu e as filas das diversas salas já se entrecruzavam diversas vezes.
Sou um homem de convicções fortes, aliás, sou obrigado a tomar 2 Buscopans nas crises de convicção mais graves, principalmente quando abuso dos fritos.
Estava eu no fim da fila a confirmar mentalmente a minha decisão racional, ponderada e inabalável, enumerando metodicamente os prós e os contras que me levaram a tão brilhante conclusão, quando aparece um velho amigo meu, que por acaso ía também votar na mesma sala. Conversa puxa conversa e fiquei a saber que ele era colaborador directo de um candidato de outro concelho, e que por acaso nem ía votar nesse mesmo partido!
E então eu expliquei todo o meu raciocínio lógico que me levou à brilhante conclusão de que teria que votar no candidato do tal partido, ao que ele me responde:
- Eu estive à conversa com ele e o gajo não quer ser eleito, pá! Ele diz que está tão bem no parlamento europeu, bons honorários ninguém o chateia... Já viste o que é o gajo vir meter-se nesta confusão que é a Câmara do Porto? Ele foi empurrado pelo partido...
Ao que eu respondi:
- É pá, não me digas essa merda. Eu ía votar no gajo...
E ele insiste:
- A sério meu, o gajo está-se a cagar para a eleição...
Eu ali no meio daquela multidão prestes a ter um ataque de convicções, e não é que me tinha esquecido do Buscopan.
Encharcado em suores frios, ouço o chefe da mesa de voto a pronunciar o meu nome.
Dirigi-me para o postigo e simultaneamente o meu amigo dirigiu-se para o postigo ao lado, tendo ainda tempo para me sussurar entre dentes:
- Vota em consciência.
Coloquei três cruzes tremidas noutro candidato...

segunda-feira, outubro 03, 2005

O sabor da azeitona

Era debaixo da mesa de braseira, que nas tardes de Verão eu me escondia a comer azeitonas às mãos cheias, sentado naquele quadrado de pinho, com os pés enfiados no buraco sem função.