quarta-feira, fevereiro 28, 2007

A vida dos outros

Este filme é do melhorzinho que vi ultimamente. O realizador é um puto Alemão de 33 anos chamado Florian Henckel Donnersmarck e ganhou o Óscar para o melhor filme estrangeiro.

Vale a pena ver nem que seja numa perspectiva de documentário histórico.

Os métodos e a lógica da Stasi, mítica polícia política da antiga RDA, são muito bem retratados, assim como o cinísmo e a decadência dos valores subjacentes ao aparelho.

A personagem Gerd Wiesler, o fiel agente do sistema à volta do qual gira todo o filme é absolutamente desconcertante e maravilhosamente bela, humana, apaixonante...

PS: Florian, estás fodidinho para o 2ºfilme...

Acordar com o galo

A minha nova morada está impregnada de ruralidade, substância de que a minha memória melancólica e saudosista se alimenta, recordando os tempos em que subia a rua 5 de Outubro a desviar-me das bostas fumegantes das vacas.
Para começar moro num largo, não numa praça urbana com esquadria de arquitecto definida, mas num largo, o largo da Ramada Alta, onde em tempos deveriam ter existido belos vinhedos.
No largo existe uma pequena igreja de aldeia com campanário, que parece ter sido télé-trasportada de outras latitudes, tal a inverosimilhança com o que a rodeia, e por fim acordo todos os dias com o cantar do galo a sobrepor-se ao ronco dos motores dos carros.
Descobri há dias onde moram esses galos, parece que em tempos um excêntrico professor da Escola Carolina Michaelis decidiu fazer uma criação de garnizés nos jardins da escola, construindo um lago e abrigos para os bichos e desde então a criação não para de crescer.
Uma velhota que passava por acaso disse-me que os bichos sobreviviam da bondade de algumas pessoas que todos os dias atiravam comida por entre as grades da escola.

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Eu quero uma urgência só para mim

Esta coisa de meia dúzia de maluquinhos virem para o meio da rua reivindicar o não encerramento de uma urgência médica é típico do espírito paroquial do nosso Portugalzinho, mas simultaneamente percebe-se que um povo abandonado e tragicamente condenado à codêa e ao frio e sem perspectivas de futuro se revolte quando aparentemente lhe querem agora tirar a saudinha…

Do que se trata é de implementar um novo paradigma para a rede nacional de urgências: Acabar com uma rede gigante de urgências e SAPs mal equipados, com poucos médicos, muitas vezes mal preparados, que atendem meia dúzia de gatos-pingados por dia e concentrar os recursos e os equipamentos em menos locais, com equipas multi-disciplinares, que acumulem a experiência de atender centenas de doentes por dia e como tal prestem um melhor serviço às populações.Este novo sistema pressupõe também que se reforce a rede de médicos de família e os cuidados de ambulatório que resolvem a maior parte das chamadas “urgências”…

Ora, se submetêssemos ao crivo dos rígidos princípios morais dos nossos autarcas e ao douto juízo das nossas tristes gentes esta decisão obviamente que a solução seria criar uma urgência em cada freguesia, porque aqui cada um só olha para o seu quintalzinho, e isto de perder direitos adquiridos dói mais que o reumático…

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Estratégia de mudança de casa

Toda a gente sabe o pesadelo que é fazer uma mudança de casa, especialmente para alguém como eu, com um obsessivo apego às coisas mais inúteis que guardo na ilusão de um dia me servirem para algum propósito obscuro(sabe-se lá qual...).
Antecipando a carga de trabalhos que se avizinhava, tratei de engendrar uma estratégia para me livrar, pelo menos das tarefas mais pesadas.
Depois de muito matutar eis que se fez luz na minha cabeça: Nada como arranjar um problemazinho de saúde súbito. Mas qual?
Pensei numa doença tropical esquisita com um período de incubação de 2 anos, uma gripe das aves trazida por alguma gaivota desorientada do Norte da Europa, mas nenhum destes planos era de fácil concretização. Finalmente lembrei-me de algo mais simples: Porque não recorrer à estranha capacidade que eu tenho de deslocar o braço do ombro e voltar colocá-lo no sítio?
Foi o que fiz, coloquei o braço atrás das costas, rodei o tronco para o lado contrário e fiquei com o ombro direito um palmo abaixo do normal e com umas dores indescritíveis. Depois bastou-me começar ao berros a pedir ajuda, que veio pronta e puxar novamente o braço para o
colocar novamente no seu sítio.

Ainda tenho para umas semanas...