A minha nova morada está impregnada de ruralidade, substância de que a minha memória melancólica e saudosista se alimenta, recordando os tempos em que subia a rua 5 de Outubro a desviar-me das bostas fumegantes das vacas.
Para começar moro num largo, não numa praça urbana com esquadria de arquitecto definida, mas num largo, o largo da Ramada Alta, onde em tempos deveriam ter existido belos vinhedos.
No largo existe uma pequena igreja de aldeia com campanário, que parece ter sido télé-trasportada de outras latitudes, tal a inverosimilhança com o que a rodeia, e por fim acordo todos os dias com o cantar do galo a sobrepor-se ao ronco dos motores dos carros.
Descobri há dias onde moram esses galos, parece que em tempos um excêntrico professor da Escola Carolina Michaelis decidiu fazer uma criação de garnizés nos jardins da escola, construindo um lago e abrigos para os bichos e desde então a criação não para de crescer.
Uma velhota que passava por acaso disse-me que os bichos sobreviviam da bondade de algumas pessoas que todos os dias atiravam comida por entre as grades da escola.
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