É verdade que a vida imita a arte e arte imita a vida, mas eu acho que a realidade consegue sempre surpreender-nos mais do que a ficção, quanto mais não seja, por ser real, ou por não o ser.
Algum dia um argumentista se lembraria de escrever o guião da Fátima Felgueiras, do tipo que ganhou o euro milhões, foi a Itália buscar um Ferrari e morreu na viagem de regresso, ou qualquer história de Boticas? Impossível.
Ontem revi o filme "A cidade de Deus", um dos melhores filmes que vi nos últimos anos. O filme é baseado em factos reais, filmado com poucos actores profissionais. Os protagonistas são putos da favela, recrutados via um projecto de reinserção social criado no Rio de Janeiro.
Trata-se da história de um grupo de chavalos, desde os anos 60 até aos dias de hoje, o início do bairro da "Cidade de Deus" e a sua transformação em favela, a criação dos gangs e a evolução do tráfico de droga com desenvolvimento das "bocas" e de autênticos exércitos privados, com recrutas de 10-12 anos, a corrupção e a barbárie da polícia.
Um filme carregado de violência e ódio, encarnada em Zé Pequeno, com verdadeiros heróis estóicos, à moda antiga, como Mané Galinha, mas também um filme com uma mensagem moral e de esperança, transportada pela salvação de Buscapé, o narrador-testemunha, o seu sonho de ser fotógrafo, a forma fantástica como esse sonho se concretizou, os acasos e coincidências com que a vida nos sorri, quando nos permitimos ousar.
PS: A fotografia e a banda sonora são do melhor...
2 comentários:
Queria ver o filme desde que estreou, tinha ali escrito, numa folha colada na porta do frigorífico "dvd Cidade de Deus", fiz tudo por tudo para aguentar, mas não consegui.
Eu sei, arte é arte ê, mas há coisas que eu não aguento mesmo em nome da arte. Não consigo.
Mas ainda bem que acabou com uma mensagem de esperança!
... e que tal alugar o dvd do filme ou quiça comprar, dessa forma é a arte se adequa ao teu ritmo!Digo eu...
É só porquê vale mesmo a pena...
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