Como eu suspeitava o último filme do Woody Allen não é nada de extraordinário. Tem uma piadas e uns gadgets bem metidos, o talento e atributos da Scarlett e pouco mais.
Mas ao meu amigo Allen eu perdoo tudo, até o pôr-se na filha adoptiva...
O homem faz um filme por ano porque precisa de pagar as contas da luz e da água e o colégio da Soon Lee e como ele diz se não soubesse fazer umas piadas fixes provavelmente já teria morrido de forme.
Para além disso as obras primas são raras e necessitam de uma combinação mágica de factores que nem sempre é possivel...
Caio nesses olhos apáticos, Caio nesse hipnótico abraço, Desta viagem entre flores plásticas, E coloridas manhãs de aço ...
quarta-feira, janeiro 31, 2007
segunda-feira, janeiro 29, 2007
quinta-feira, janeiro 18, 2007
sexta-feira, janeiro 12, 2007
Novas coisas velhas
Impulso frenético,
novas coisas novas.
Passividade frívola,
novas coisas novas.
O novo 3d, o novo lcd, o novo ipod,
não se lê,
não se vê,
Não se fode.
Coisas velhas,
que nunca chegam a envelhecer
Novas coisas velhas
que se deixam morrer
Velhas coisas novas,
requentadas,
esticadas,
Para agradar às modas.
novas coisas novas.
Passividade frívola,
novas coisas novas.
O novo 3d, o novo lcd, o novo ipod,
não se lê,
não se vê,
Não se fode.
Coisas velhas,
que nunca chegam a envelhecer
Novas coisas velhas
que se deixam morrer
Velhas coisas novas,
requentadas,
esticadas,
Para agradar às modas.
terça-feira, janeiro 09, 2007
No direction home
Este documentário do Martin Scorcese sobre Bob Dylan está genial.
Já algumas pessoas, que não apreciavam particularmente o Bob, se converteram em admiradores desta incontornável figura.
(Acho que alguém disse um dia:"Em algum momento da sua vida, toda a gente gosta de Bob Dylan")
O documentário mistura imagens de arquivo com entrevistas recentes do bob e de outras personagens que se foram cruzando com ele.
Uma viagem turtuosa desde as raízes Folk e Country até ao Rock, sempre a abandonar os terrenos cómodos, sempre a fintar o destino e o óbvio, com muito humor e charme, sem a direcção de casa.
Já algumas pessoas, que não apreciavam particularmente o Bob, se converteram em admiradores desta incontornável figura.
(Acho que alguém disse um dia:"Em algum momento da sua vida, toda a gente gosta de Bob Dylan")
O documentário mistura imagens de arquivo com entrevistas recentes do bob e de outras personagens que se foram cruzando com ele.
Uma viagem turtuosa desde as raízes Folk e Country até ao Rock, sempre a abandonar os terrenos cómodos, sempre a fintar o destino e o óbvio, com muito humor e charme, sem a direcção de casa.
No fino da Bossa
Ando a ver se ganho amor à guitarra, e volto a tocar alguma coisita.
Pelo menos enquanto tento arranhar uns sons, não vejo televisão, o que é um grande progresso para mim.
Na net há toneladas de sites com músicas, acordes, tablaturas, o que ajuda imenso, mas ainda assim é preciso muita perseverança.
É claro que desatei logo a tentar tocar umas bossas, mas aquilo tem que se lhe diga. No outro dia ía deslocando dois dedos com aqueles acordes de sétima com quinta aumentada.
É perigoso e eu preciso dos dedinhos para trabalhar...
Pelo menos enquanto tento arranhar uns sons, não vejo televisão, o que é um grande progresso para mim.
Na net há toneladas de sites com músicas, acordes, tablaturas, o que ajuda imenso, mas ainda assim é preciso muita perseverança.
É claro que desatei logo a tentar tocar umas bossas, mas aquilo tem que se lhe diga. No outro dia ía deslocando dois dedos com aqueles acordes de sétima com quinta aumentada.
É perigoso e eu preciso dos dedinhos para trabalhar...
segunda-feira, janeiro 08, 2007
"As velhas"
1
recatai-vos velhas
recatai-vos velhas
fugi para a igreja
abanai o sino
fechai bem no quarto
o vosso netinho
o vosso menino
para que não veja
para que não saiba
para que não seja
assim como esses
que são cabeludos
que só têm barba
dizem palavrões
e dão encontrões
nas ruas da baixa
aos senhores sisudos
são uns parvalhões
recatai-vos velhas
trazei um polícia
uma esquadra inteira
ai tanta sujeira
imaginem só
andam-se a drogar
até metem dó
a cambalear
isto está perdido
ó velhas fugi
ide para ali
que aqui está fodido
recatai-vos velhas
tapai as orelhas
guardai o menino
fechai-o no quarto
metei-o na cama
para que não veja
para que não ouça
para que não seja
para que não tenha
para que não venha
perdeu-se o respeito
já não há moral
ó velhas fugi
olhem para ali
beijam-se na rua
fodem ao luar
antes de casar
já nem vão à tropa
só querem dinheiro
todo para estourar
já nem vão às putas
mostrar que são homens
ó senhor prior
já nem vão à missa
não têm missal
isto é um horror
vamos mesmo mal
fechai os olhos
não vejais o netinho
guardai-o no fundo
de um quarto comprido
para que não veja
para que não tenha
para que não seja
para que não venha
recatai-vos velhas
que já nem na praia
se consegue estar
ó virgem maria
ó senhor do céu
essas estrangeiras
deu-lhes para andar
de mamas ao léu
a tremelicar
ó velhas cuidado
assim é que não
inda a procissão
só vai no adro
não deixes que a merda
se ponha a medrar
gritai pelas ruas
falai prós jornais
morra a juventude
fine a desvergonha
chamemos quem ponha
estes animais
c'o a corda rente
ó velhas chamai
o presidente
2
libertai-vos velhas
vinde para o sol
dançar rock n' roll
ide até a lua
c'uma ganza fixe
esticai o dedo
apanhai boleia
fumai muito haxixe
ponde a casa cheia
dos nossos poetas
dos nossos malucos
andai de autocarro
a fugir ao pica
libertai-vos velhas
não pagueis a taxa
acabai com a graxa
aos vossos patrões
cagai no juízo
nas boas maneiras
cagai nas peneiras
ó velhas então?
vinde para aqui
para a confusão
ó velhas vesti
uma mini-saia
deixai que vos caia
esse ar tão mortiço
essa cara chocha
mostrai a coxa
gritai uma asneira
uma malandrice
pelos microfones
das rádios-pirata
ouvi os Police
os Rolling Stones
não vos afogueis
em mais água benta
bebei um bagaço
jogai a dinheiro
ide ao cangalheiro
adiai a morte
ide pelo mundo
por estradas à sorte
vinde para aqui
para o reviralho
e se não quiserdes
ide para o caralho!
Apocalipse, João Habitualmente
Causa/Efeito
O querer situar-se fora da série causal,
poderá significar quem sabe
(quiça para alguns),
querer,
(ainda que inconscientemente)
ser um grandessissimo filho-da-puta.
Heloisa Nau
poderá significar quem sabe
(quiça para alguns),
querer,
(ainda que inconscientemente)
ser um grandessissimo filho-da-puta.
Heloisa Nau
domingo, janeiro 07, 2007
sexta-feira, janeiro 05, 2007
A forca em directo v2
Ouvi hoje na rádio que uma criança Iraquiana se matou ao tentar imitar o enforcamento de Saddam após ter visto o video do falecido ditador.
É triste, mas mais triste é fazer disto uma notícia, quando há dezenas de Westerns com enforcamentos a torto e a direito, apesar de neste caso a criança poder ter sido levada a imitar aquele homem que costumava ver sorridente e confiante na televisão ou em cartazes pelas ruas de Bagdad.
O espectáculo macabro e humilhante da morte em directo de Saddam não serviu ninguém nem qualquer propósito ou princípio, para além deste trágico mimetismo.
Mas quando cai um ditador é difícil evitar estes exageros, basta ver de que forma acabou Chausesco...
Que todos os ditadores (incluíndo Bush) imitem o puto iraquiano, é o meu desejo para 2007...
É triste, mas mais triste é fazer disto uma notícia, quando há dezenas de Westerns com enforcamentos a torto e a direito, apesar de neste caso a criança poder ter sido levada a imitar aquele homem que costumava ver sorridente e confiante na televisão ou em cartazes pelas ruas de Bagdad.
O espectáculo macabro e humilhante da morte em directo de Saddam não serviu ninguém nem qualquer propósito ou princípio, para além deste trágico mimetismo.
Mas quando cai um ditador é difícil evitar estes exageros, basta ver de que forma acabou Chausesco...
Que todos os ditadores (incluíndo Bush) imitem o puto iraquiano, é o meu desejo para 2007...
terça-feira, janeiro 02, 2007
Pinguim
Na passagem de ano acabei por ir parar ao Pinguim, um barzito na rua de Belmonte que me traz boas recordações dos tempos da faculdade.
Era por lá que parávamos às segundas-feiras à noite, apresentados aos demónios verdes do Absinto, esse licor que não embebeda mas alucina, a ouvir o Joaquim Castro Caldas a recitar as Velhas, do João Habitualmente, os contos do Gin Tónico, Rui Belo e por aí fora.
No dia em que a Natália Correia morreu acabamos a noite em cima de um mercedes branco a recitar os seus poemas...
Naqueles tempos todos os sonhos eram possíveis e todos os actos necessários.
Era por lá que parávamos às segundas-feiras à noite, apresentados aos demónios verdes do Absinto, esse licor que não embebeda mas alucina, a ouvir o Joaquim Castro Caldas a recitar as Velhas, do João Habitualmente, os contos do Gin Tónico, Rui Belo e por aí fora.
No dia em que a Natália Correia morreu acabamos a noite em cima de um mercedes branco a recitar os seus poemas...
Naqueles tempos todos os sonhos eram possíveis e todos os actos necessários.
Laranja Mecânica
Acabei de rever este filme e fiquei mais uma vez arrebatado e sem adjectivos para o classificar.
Este é um daqueles casos em que tanto o livro de Anthony Burgess como o filme do Kubrick são geniais.
Como diz um amigo meu: "Este filho da puta apenas se limitou a fazer uma obra-prima em todos os géneros do cinema"
Este é um daqueles casos em que tanto o livro de Anthony Burgess como o filme do Kubrick são geniais.
Como diz um amigo meu: "Este filho da puta apenas se limitou a fazer uma obra-prima em todos os géneros do cinema"
Quem há-de abrir a porta ao gato
Quem há-de abrir a porta ao gato
quando eu morrer?
Sempre que pode
foge prá rua
cheira o passeio
e volta para trás,
mas ao defrontar-se com a porta fechada
(pobre do gato!)
mia com raiva
desesperada.
Deixo-o sofrer
que o sofrimento tem sua paga,
e ele bem sabe.
Quando abro a porta corre para mim
como acorre a mulher aos braços do amante.
Pego-lhe ao colo e acaricio-o
num gesto lento,
vagarosamente,
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele olha-me e sorri, com os bigodes eróticos,
olhos semi-cerrados, em êxtase,
ronronando.
Repito a festa,
vagarosamente,
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele aperta as maxilas,
cerra os olhos,
abre as narinas,
e rosna,
rosna, deliquescente,
abraça-me e adormece.
Eu não tenho gato, mas se o tivesse
quem lhe abriria a porta quando eu morresse?
António Gedeão
quando eu morrer?
Sempre que pode
foge prá rua
cheira o passeio
e volta para trás,
mas ao defrontar-se com a porta fechada
(pobre do gato!)
mia com raiva
desesperada.
Deixo-o sofrer
que o sofrimento tem sua paga,
e ele bem sabe.
Quando abro a porta corre para mim
como acorre a mulher aos braços do amante.
Pego-lhe ao colo e acaricio-o
num gesto lento,
vagarosamente,
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele olha-me e sorri, com os bigodes eróticos,
olhos semi-cerrados, em êxtase,
ronronando.
Repito a festa,
vagarosamente,
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele aperta as maxilas,
cerra os olhos,
abre as narinas,
e rosna,
rosna, deliquescente,
abraça-me e adormece.
Eu não tenho gato, mas se o tivesse
quem lhe abriria a porta quando eu morresse?
António Gedeão
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